domingo, 8 de dezembro de 2013

Primeiro dia em Roma - Parte 1

Apesar de termos chegado no dia anterior, esse, realmente foi o primeiro dia que rodaríamos a cidade como bons turistas.

Primeiro, o café da manha, claro! E o hotel fornecia um serviço excelente. Tinha de tudo. Bolos, croissants, queijos, ovos mexidos, sucos, cafés, iogurtes de todos os tipos. Destaque para para o pao artesanal do próprio hotel. Excelente. É um típico pao italiano, com a casca bem dura e macio por dentro. Foi nesse dia, também, que conhecemos a maior figuraça do lugar. O Gennaro! Italiano típico, extremamente atencioso e conversador. Ao descobrir que éramos brasileiros, ele abriu um belo sorriso. Contou como adora o futebol daqui e se declarou torcedor do Grêmio. Detalhe, ele sabia mais sobe o futebol brasileiro do que eu, o que não é muito difícil. Os outros funcionários também eram bem atenciosos, mas ninguém superou o Gennaro! Ele fez com que nos sentíssemos em casa.

Recepção do hotel


Bem alimentados, seguimos adiante. O hotel nos fornecia translado gratuito até o muro do Vaticano. A partir dali seria com a gente. Também nos forneceram um mapa da cidade, que seria nossa salvação naqueles dias. Ele continha todos os pontos turísticos bem marcados, além de informações gerais sobre os transportes públicos.


 O motorista do dia, o Ernesto, também foi bem atencioso e, quando descobriu que Elane falava espanhol fluente, não parou de falar nem um segundo. Contou que era do Equador e foi contando detalhes do dia a dia de sua profissão. Falou muito sobre o transito de Roma. Uma curiosidade é que, como a maioria dos prédios são muito antigos na região central, praticamente não existem garagens. Por esse motivo, todo mundo estaciona na rua. Isso gera umas situações interessantes como uma ferrari estacionada ao lado de um fusca. Não importa se você tem um carrão ou um calhambeque. Vai ter que deixar o bicho do lado de fora.

Chegamos ao muro do Vaticano e traçamos nossa rota para o Castelo de Santo Ângelo. Ainda não o visitaríamos, mas lá havia uma loja que vendia o Roma Pass. Caminhar em Roma é uma coisa incrível.Cada esquina é um cartão postal. Você segue para um lugar histórico, mas a cada passo a gente se depara com outro.

No meio do caminho aconteceu algo inusitado. Apesar do tempo estar meio frio, haviam poucas nuvens. Eis que, sem nenhum aviso e num local totalmente desprotegido, pedras de gelo caíram do céu! Sim! Conhecemos uma chuva de granizo da pior maneira possível! A coisa foi tao repentina que nem os italianos estavam surpresos. Nós ficamos completamente sem ação. Não sabíamos se deveríamos correr, nem pra onde! Ficamos embaixo do guarda chuva, rezando pra não cair uma pedra gigante nas nossas cabeças. Mas, assim como veio, ela se foi para nunca mais voltar. Pelo menos não enquanto estávamos por lá!



Chegamos ao castelo e vimos a banca de turismo que vendia o Roma Pass. Ainda estava fechada. Aproveitamos pra fazer algumas fotos do lugar. Quando abriu entramos e solicitamos. A funcionária falava português fluentemente, o que facilitou bastante. Ela nos explicou novamente o funcionamento e tirou algumas pequenas dúvidas.

Rio Tibre, em frente ao Castelo de Santo Ângelo

Em seguida, atravessamos a ponte magnifica que atravessa o rio Tibre (mais tarde falo sobre ela) e seguimos nosso caminho. Acabamos passando por uma praça com algumas ruínas no centro. Descobrimos se tratar do Largo di Torre Argentina. Apesar do nome, nada tem a ver com o país sul-americano. É devido a um cara que construiu um palácio com uma torre, a qual ele batizou em homenagem a sua terra natal, Argentoratum (que hoje é Estrasburgo).  Em 1909, quando foram fazer uma reforma no lugar, acabaram descobrindo as ruínas de vários templos. Inicialmente chamaram apenas de Templo A, B,C e D e suas origens ainda estão em estudo. Mas o que chama a atenção são os gatos. Olha que interessante. As ruínas funcionam como um abrigo de gatos. Eles são devidamente vacinados e castrados.Por fim, são colocados para adoção. os que não conseguem um lar com humanos, ficam por lá. Existem voluntários que cuidam deles todos os dias.




Seguindo adiante, vimos ao longe o Monumento a Vittorio Emanuele II, mas ainda não era sua hora. Faltava pouco para chegamos no real destino. E ele apareceu, majestoso, quando menos esperamos. Ao longe, lá estava ele: o Coliseu!!!



Foi automático. A trilha sonora do filme Gladiador começou a tocar na minha cabeça e pensei: "Não sabia que homens poderiam construir algo assim..."

Ele foi construído em 72 d.C. para abrigar os jogos da época. Gente e animais se matando. Devia ser uma maravilha. Hoje, acredita-se que ele poderia ter sua arena inundada para simular combates marítimos.

Ainda do lado de fora, percebemos diversos gladiadores fajutos se oferecendo para tirar fotos por 5 euros. Besta de quem paga essa grana. Um deles até nos falou em bom português: "Não quer nem tirar uma para levar pra sogra?"



Por sinal, abrindo um parentese, uma coisa interessante que notamos. Tivemos a sensação que as pessoas sabiam que éramos brasileiros só pelo aspecto físico. Passamos toda a viagem nos questionando se brasileiro tem "cara de brasileiro" ou se nós prestávamos atenção quando alguém falava em português e aquilo nos denunciava. Eu ainda fico com a primeira opção. Assim como víamos indianos e sabíamos que eles eram como tais. Ou um oriental deixa clara a sua origem. Ou ainda quando vemos argentinos no Brasil e sabemos que eles são hermanos. Idem com colombianos. Acho que brasileiro tem cara de brasileiro mesmo. Nós não notamos assim como nós não percebemos que temos sotaque e pessoas de outros estados identificam rapidamente nossa origem.

Enfim, procuramos a entrada e usamos, pela primeira vez, nosso Roma Pass. Entrada diferenciada, "furando" a grande fila dos que comprariam ingressos normais. A sensação de estar ali é algo inacreditável. Imaginar que o Brasil tem pouco mais de 500 anos e apenas aquela estrutura tem mais de 2000 é de arrepiar. Tocar aquelas paredes é como fazer parte da história da humanidade, principalmente sabendo tudo o que aconteceu dentro daquele lugar.

Internamente ele é um grande museu. A cada corredor, uma escultura encontrada nas escavações (Por sinal tinha muita coisa encontrada recentemente, em 2008), ou pichações antigas. Isso foi interessante. Enquanto rolavam os jogos, uns vândalos ficavam desenhando nas paredes o que eles viram. Essas pichações acabaram sendo um relato preciso do que acontecia no lugar.


Outra curiosidade. Coliseu não era o nome original. Ele se chamava Anfiteatro Flaviano, por ter sido construído sob a dinastia dos flavianos. Posteriormente foi apelidado de Coliseu por causa de uma estátua colossal que havia na entrada, em homenagem a Nero. Essa estátua já não mais existe no lugar.

Também estavam expostas várias cabeças em mármore, a maioria de identidade desconhecida e sem nariz. Além de dados feitos de ossos. Segundo as placas informativas, entre os jogos, a galera ficava se divertindo de outras formas. Os jogos de azar eram uma opção, na falta do que fazer enquanto a matança não começava.




Na parte central, nas "arquibancadas", vemos a arena! Era lá que tudo acontecia. A coisa está bem degradada, mas ainda é possível identificar tudo. Na parte inferior, se localizam as catacumbas onde os gladiadores e as os animais esperavam para serem jogados para a morte. A arena , propriamente dita, já desabou, mas reconstruíram parte dela pra gente ter uma noção. Por sinal, o nome arena vem de "areia", pois era isso que recobria todo o tablado. Era mais fácil pra limpar o sangue.




O Coliseu está bem destruído. Isso se deu por vários motivos. Um deles foi a própria natureza. Terremotos ao longo dos anos abalaram bem a estrutura. Mas, provavelmente, a maior causa foi o depredamento humano. No declínio do Império Romano, os jogos estavam proibidos e o lugar ficou sem nenhum tipo de proteção. O próprio povo entrou e arrancou os materiais que precisava para construir as suas casas. As paredes estão totalmente esburacadas , pois existiam pedaços de metal unindo as estruturas e esse material se tornou bem raro em algumas ocasiões. A própria igreja católica se valeu de partes do Coliseu para construir suas igrejas. Dizem as más línguas que, se vacilar, cada prédio de Roma tem um pedacinho do Coliseu em suas paredes.




Continuamos rodando o lugar, nos perdendo na história, nos sentindo parte do passado... Mas sempre tem algo que nos traga de volta ao presente. Lá estava ela: A loja de lembranças! Claro que paramos pra ver o que tinha e acabamos levando umas besteiras. Ah, algo que parece ser uma regra por lá. Praticamente não existe nada exclusivo. O que se vende dentro das atracões turísticas, também são vendidas fora, em qualquer banquinha da cidade. E, normalmente o preço interno é maior que o externo. Mas é legal ter uma miniatura do Coliseu que foi comprada dentro das suas paredes. Não é pra isso que servem as lembranças?



Do Coliseu, também temos uma visão bem legal dos arredores. É possível ver, por exemplo, as ruínas do Templo de Vênus e Roma, conhecido como o maior templo pagão da cidade. Não chegamos a ir por lá e não faco ideia se é interessante uma visitação, mas a visão dele é bem bonita.



Por fim, chegamos no local onde o Imperador assistia aos jogos. O lugar está marcado com uma cruz e é bem na parte de baixo, próximo à arena. Por conta dessa proximidade, existem umas bancadas dos lados que era onde ficavam arqueiros de prontidão para matar algum gladiador imprudente que tentasse agredir o Imperador.



Perdemos a manha toda por lá e já havíamos invadido a tarde. Resolvemos nos despedir do Coliseu e seguir para o próximo destino, o Foro Romano e o Palatino. Mas a dica que eu dou é : Nada, NADA em Roma supera o Coliseu. Nós tínhamos tempo de sobra, mas se você está com agenda apertada, tire um tempinho a mais para ficar por lá em detrimento de outros lugares. Não faça essa parte correndo para ver as outras. O Coliseu merece cada segundo que você passar por la. Como o dia foi longo, vou deixar para continuar essa postagem em uma segunda parte!
               

Roma, enfim!

Saindo de Madrid, o voo para Roma foi muito mais tranquilo. Umas 3 horas de viagem. Mesmo sem fome nenhuma, adoro essas comidinhas de avião. Mas nesse, tudo era pago. Então fomos de "bico seco", pois realmente não havia necessidade. Já estávamos bem abastecidos.

Notei uma coisa interessante. Eles possuem uma espécie de loja aérea de produtos, tipo jóias, perfumes, canetas, chocolates. Na ida não percebemos, mas, depois de comparar preços, notamos que muitos itens daqueles eram mais baratos que os das próprias lojas do aeroporto.

De qualquer forma era engraçado ver as garçonetes do ar (também conhecidas como comissarias de bordo) passando com um carrinho de produtos e dando troco em moedinhas para os que compravam algum item.

E chegamos!



O Aeroporto Fiumicino se apresentava com toda a sua glória. Acho que eram umas 5 da tarde, mas já estava tudo escuro. Nessa época do ano os dias são realmente mais curtos por la. Devidamente desembarcados, fomos procurar um transporte para o hotel. Em nossas conversas via e-mail os funcionários já haviam dito que ele custaria em torno de uns 50 euros.

Essa é outra dica interessante. Tente entrar em contato com o hotel que você se hospedará para tirar todas essas dúvidas. O Hotel Park dei Massimi foi muito eficiente e respondia tudo com rapidez. Essa estimativa de preço de transporte, por exemplo, é importante para ninguém tentar te engabelar.

Uma coisa ruim que aconteceu? Nós fizemos um roteiro do que fazer em cada ocasião. No desembarque, por exemplo, precisávamos comprar um cartão pre pago para celular e comprar os Roma Pass. Teríamos tempo de sobra para pesquisar, afinal, agora nós que faríamos nosso roteiro e não estávamos atrelados a nenhum horário específico.

Mas, acho que pela adrenalina da viagem, eu meio que entrei num "modo babaca". Comprei, claramente a contra gosto de Elane, um chip muito mais caro e inútil do que precisávamos, logo na primeira loja. Sem pesquisar preço em outras, nem nada. Se arrependimento matasse... Em seguida, esqueci completamente do Roma Pass e fomos abordados por um sujeito que trabalha com transporte, falando rapidamente num inglês macarrônico, oferecendo translado por 45 euros. Ok, o preço estava 5 euros a menos do que nós prevíamos e ele apresentou um crachá que nos passou uma sensação de segurança . Mas a verdade é que a coisa foi tao rápida que não conseguimos nem raciocinar. Quando vimos, já estávamos dentro da van, à caminho do hotel. No percurso eu me dei conta que poderia ter feito uma grande besteira. Eu nem vi o que dizia no crachá. Podia estar escrito "Assassino Profissional", que eu nem notaria. Fora que sempre recomendam que ninguém aceite esses transportes aleatórios. O melhor é realmente ir de táxi ou transporte que tenha uma loja no aeroporto.

Mas, por sorte, o cara foi confiável e nos levou com segurança ao nosso destino. E lá estava ele: O Hotel Park dei Massimi.


















 Fomos bem recepcionados, deixamos as bagagens no quarto e descemos para jantar algo antes de dormir. Começou nossa primeira briga com o cardápio. Mesmo estando em italiano e "legendado em inglês", tivemos um pouco de dificuldade para entender o que significavam aqueles molhos. De qualquer forma, o garçom se virou, tentou explicar e, no fim, chegaram nossos pratos de pasta! Só que com coca cola. Não foi daquela vez que arriscamos pedir vinho.

A graça maior da noite foi ver a conversa do garçom com um italiano, já idoso, que estava numa mesa próxima. Foi quando tivemos um curso expresso e aprendemos a regra básica para se comunicar em "italianês":




Em Roma, o corpo, em especial as mãos, fala tanto como a boca. Na verdade um é complemento do outro. As expressões faciais exageradas são padrão em qualquer bate papo. Achei essa tabelinha que pode te ajudar, caso você queira aprender a língua dos gladiadores:




Por fim, foi só voltar ao quarto, tomar um banho e dormir para encarar nosso primeiro dia de caminhada pela cidade!

Escala: Madrid!

Devidamente acomodados em nossas poltronas da "Classe Animal" (também conhecida como Classe Turística), recebemos nosso pequeno pedaço de espuma, que eles chamam de "travesseiro" e um paninho, conhecido por eles como "cobertor", e nos preparamos para partir.

Sim, era desconfortável e ficaríamos horas e horas naquele lugar. Mas isso não era novidade. Já sabíamos, antecipadamente, que seria daquela forma e não havia porquê reclamar.

Devidamente medicados com remédios para enjoo, relaxante muscular e analgésicos, seguimos voo para nossa escala, o Aeroporto Barajas, em Madrid. De lá, pegaríamos outro voo, direto para Roma. Tirando o desconforto enorme, a viagem foi tranquila.



Só houve um arrependimento nisso tudo. Eu tinha um travesseirinho de viagem em casa. Era daqueles infláveis, que envolve o pescoço. Elane disse: "Deixa esse aí! Só vai ocupar espaço. Vamos comprar um mais confortável no aeroporto!". Se você leu nossa postagem anterior, viu que não haviam lojas no embarque internacional de Salvador. Ou seja, as poucas vezes que consegui dormir, eu sonhava com meu travesseiro de viagem, que ficou jogado no chão da sala!

Esse avião que pegamos era daqueles com televisãozinha em todas as poltronas.Tinha até uma programação legal, mas tudo o que eu ficava vendo era uma simulação de voo, que nos mostrava passo a passo onde estávamos e quanto faltava para chegar.

E sim! Chegamos!

Descemos no Aeroporto Barajas e eu me sentia "internacional" pela primeira vez. E, finalmente, eu descobri o que é um aeroporto de verdade. Como o voo para Roma só partia em algumas horas, pudemos explorar todas as lojas com calma. Era uma infinidade de corredores, bem sinalizados, contendo, inclusive, o tempo estimado para se chegar, a pé, em cada portão de embarque. O tamanho do aeroporto foi, realmente, a minha primeira surpresa. Acostumado com os pequenos aeroportos que eu fui no Brasil, achei super estranho quando o funcionário nos disse: "Sigam por 20 minutos naquela direção, que vocês chegarão no seu portão.". Caramba! Em 20 minutos eu dou 5 voltas completas no aeroporto de Salvador e ainda paro uns 5 minutos pra tomar um café. Claro que levamos muito mais que os 20 minutos, pois parávamos em cada loja para ver se encontrávamos alguma novidade.

A primeira coisa que notei foi que, mesmo estando em uma região de produtos sem taxas, o fato do preço ser em euro, não os tornavam tão mais baratos assim. Comparado com os preços brasileiros, sim, eram muito mais em conta, mas para nós, que temos a possibilidade de importar dos EUA em dólar pelo Ebay, sairia quase a mesma coisa. De qualquer forma, nós já havíamos decidido que essa não seria uma viagem de compras e, sim, de diversão. Claro que não saímos de lá sem nada. Um perfuminho ou outro e umas lembrancinhas bobas, como shot glasses serviram para provar que estivemos em Madrid!

E, claro, as primeiras fotos da nossa viagem foram feitas ali. Inclusive, saímos do aeroporto para poder dizer que, realmente, pisamos em solo espanhol. Senti a primeira rajada de vento frio, ao sair para a área externa, e gostei. Salvador devia ter dessas coisas. Se eu for Prefeito um dia, vou importar vento frio para a minha cidade! Elane queria dar uma volta, já que teríamos tempo, mas eu sou incrivelmente medroso quando tenho horário a cumprir. Não queria arriscar uma eventualidade que me deixasse preso num lugar estranho.


Depois, voltamos para a nossa caminhada em direção ao portão de embarque e ficamos rodando nas lojas próximas. Sentamos e aguardamos o momento de partir para o destino final.


Roma, aqui vamos nós!

E chegou o dia!

O dia, enfim, chegou. Depois de um casamento emocionante e uma festa maravilhosa, só faltava fechar com chave de ouro: nossa viagem para Roma!


As malas já estavam prontas com antecedência, tudo bem arrumadinho, documentos em mãos... #partiuaeroporto

Entrada do Aeroporto de Salvador

Saímos de Salvador no dia 19 de novembro. Estava um calor de lascar! Nossa viagem estava marcada para 22:30 horas e chegamos no Aeroporto Internacional 2 de Julho, às 20:00 horas. Como já havia dito em outra postagem, eu nunca havia feito uma viagem internacional e estava empolgadíssimo. Me sentia uma criança! Sempre que fiz viagens aéreas nacionais, eu ficava olhando para a área de embarque dos voos internacionais e imaginando o que havia por trás daquelas paredes de vidro do saguão diferenciado. Finalmente, eu iria invadir aquele mundo estranho e descobrir suas belezas... Só que não.


Que decepção! Primeiro: o aeroporto estava em reforma, por conta do vindouro evento da Copa do Mundo 2014 e parecia um canteiro de obras. O espaço estava tão reduzido que haviam poucos lugares para sentar. Segundo: poucos dias antes, a Duty Free de Salvador havia fechado, por conta do fim do contrato. A única lojinha que funcionava era uma "biboquinha", que vendia água, refrigerante e biscoitos por preços altíssimos. Sério, o negócio era tão pequeno que só cabiam umas duas pessoas por vez. Ah! E o ar condicionado devia estar quebrado, pois o calor estava dominando. Eu olhava pelas paredes de vidro e via as pessoas do embarque nacional, com espaço de sobra e mais opções para sentar e comer e pensava como eu era boboca por ansiar estar do outro lado.

Mas, como diz o ditado, nada é tão ruim que não possa piorar. Cerca de meia hora antes do embarque, um funcionário avisou que o nosso portão estava sendo mudado para o andar inferior. "Desçam aquela escada rolante", ele disse. "Opa!", pensei, "nem havia notado a tal escada! Será que lá embaixo é onde tudo de maravilhoso fica?". Ledo engano... A lógica religiosa já nos preparava para isso. Se estávamos no "purgatório", descendo, só poderíamos encontrar o "inferno". Se o espaço lá em cima era reduzido, aqui embaixo era pior. Uma pequena sala, onde caberiam umas 30 pessoas, haviam 100 ou mais. As poucas cadeiras estavam ocupadas e haviam idosos e mulheres com crianças de colo em pé, sem terem o que fazer. Os poucos funcionários que estavam no lugar expressavam sua insatisfação de estar ali, tanto quanto nós. Pensei em várias comparações, dadas as devidas proporções, tipo cadeias superlotadas, campos de concentração nazistas, curral de bois e coisas do gênero. Elane, já com dor na coluna, sentou logo no chão e esperamos a libertação. Foram minutos que pareceram horas! Mas a esperança ainda existia! Já passamos pelo purgatório e inferno... Em breve nossos pecados seriam expiados e só restaria subir em direção aos céus. E o momento chegou!

Entramos no avião e nos preparamos para, agora sim, nossa viagem. Paraíso, aqui vamos nós!


A preparação



Nos meses que se seguiram, entre os preparativos do casamento, parávamos um ou outro momento para pesquisar sobre o nosso destino. O que faríamos por lá? Que lugares visitaríamos? E detalhes como celulares, internet, GPS, mapas, transporte?

Uma das principais dicas que nos deram foi o Roma Pass. O que é isso?

O Roma Pass é um cartão, que pode ser comprado em diversos pontos da cidade, que lhe concede uma série de vantagens. Uma delas é o trânsito livre utilizando o transporte público, seja ônibus ou metrô. Ele é válido por 3 dias. Fora isso, ele concede duas entradas gratuitas nas duas primeiras atrações que você escolher, além de desconto nas demais.


Ele pode ser ou não vantajoso para o turista. Isso vai depender de quantos dias você vai ficar na cidade e de quais atrações você vai usar nas duas primeiras vezes. Para nós, acabou sendo bastante útil, principalmente pelo fato de não conhecermos bulhufas do local, estarmos sem nenhum guia, além de poder ter a segurança de que poderíamos rodar à vontade e pegar quantos transportes quiséssemos, sem nos preocuparmos em ter que ficar comprando tickets. Fora o apoio por telefone, inclusive em português, no caso de uma necessidade.

Outra dica que nos deram foi sobre desativar a internet no celular, para quem tem chip pós-pago. Dizem que, caso isso não seja feito, o celular pode gerar uma conta astronômica. 


Quanto à internet, o hotel que escolhemos fornecia wi-fi gratuita, mas vimos que a maioria deles cobra pelo serviço. Já nas ruas, qualquer estabelecimento fornece o serviço para os clientes. É só entrar, consumir algo e pedir a senha. Outra possibilidade é comprar um chip telefônico pré pago local. Não tivemos uma boa experiencia com isso, mas foi por culpa exclusivamente nossa. Depois conto com mais detalhes.

E compras? Vale a pena comprar por lá? A maior parte das pessoas deixava claro que Roma não era, exatamente, um lugar para economizar. Pense assim: se algo custa $50 dólares nos EUA, em Roma ele vai custar 50 euros. Como o dólar estava, na época, na faixa de R$2,40 e o euro a R$3,20, concluímos que lá não é um lugar bom para comprar aparelhos eletrônicos, por exemplo. Não vimos vantagem nem no próprio Duty Free. Pelo menos, não nos itens que gostaríamos de comprar. Sairia mais barato importar dos EUA.

Verificar a condição do passaporte também é fundamental. Eu não tinha um e tive que correr atrás. Esse não é um documento que você tira de um dia para o outro, então, o providencie com antecedência. Elane tinha, mas já estava vencido. Foi preciso fazer outro.

Outro detalhe importante foi saber a condição provável do tempo no local. Como a viagem era em novembro, descobrimos que faria um frio relativo e chuva. Muita chuva! Isso é fundamental para saber o tipo de roupa que você vai precisar levar. Eu mesmo não tinha nenhum tipo de roupa de frio, tive que correr atrás!



Por fim, fomos definir quais locais eram obrigatórios para a visitação e quais eram opcionais. Nessa brincadeira, o Google Street foi usado e abusado. Rodamos tanto, virtualmente, pelas ruas de Roma que, quando passamos lá de verdade, a cidade já nos parecia uma velha conhecida.



Depois, foi só esperar o dia chegar!


A decisao!



Estávamos muito felizes. Casamento marcado e planejamento a mil! Entre tantos detalhes, a dúvida permeava nossa mente. E a lua de mel? Na época, não fazíamos ideia dos custos que teríamos com tudo e não havia como prever com exatidão o quanto sobraria para uma viagem. Mesmo assim, pesquisar não custa nada, não é mesmo?

Pensamos em várias possibilidades de destinos, tanto nacionais, como internacionais. Percebemos que uma viagem local para um bom lugar sairia com custos semelhantes ao de uma viagem para o exterior. Por que não?

Elane já conhecia outros países, como Chile e Argentina. Eu, mal conhecia o Brasil. O que viesse, pra mim, seria lucro! Procuramos em sites de viagens e chegamos à CVC. Vários pacotes à disposição com preços atrativos e possibilidades de pagamento parcelado. Então, com algumas ideias de destinos, fomos à agência e conversamos com a funcionária para pedir algumas sugestões. No momento, acabamos nos assustando com os preços, pois parecia haver uma divergência entre o que observamos nos anúncios e o que nos era oferecido. Quase estávamos saindo da agência sem nenhuma definição, quando percebi o nosso erro. Estávamos pedindo pacotes para vários lugares próximos e não para um destino único, o que encarecia o valor. Voltei e perguntei: "E se for apenas para Roma?". Ela fez os cálculos e sim, era perfeitamente viável! Caberia com tranquilidade no nosso orçamento e, finalmente, poderíamos conhecer um dos lugares mais mágicos desse planeta.

Fechar com a CVC também foi legal por outro motivo. Eles possuem o serviço de "Lista de Casamento", onde nossos convidados poderiam nos presentear com cotas de viagem. Para nós, que estávamos com a casa praticamente montada, seria uma excelente opção.

Então, deixamos mais ou menos tudo acertado e fomos pesquisar hotéis e definir quanto tempo ficaríamos na cidade.

A partir daí, lemos muito sobre Roma. Entramos em vários blogs como esse, em sites de dicas de hotéis e em uma infinidade de endereços eletrônicos com sugestões de roteiros. A maioria deixava claro que a hospedagem em Roma era apenas para dormir, que ninguém esperasse muita coisa dos hotéis, nem do café da manhã. Muitos diziam que o breakfast nos hotéis de Roma era composto de um suco ralo e um croissant.

Foi quando, pesquisando no site tripadvisor, chegamos ao Hotel Park dei Massimi. As recomendações eram as melhores possíveis e o preço, praticamente, semelhante com os outros de categoria inferior. Falavam bem da hospitalidade dos funcionários, do breakfast farto, dos quartos adequados. Como ponto negativo, enfatizavam a distância do centro da cidade, o que era compensado por um serviço de transporte gratuito do hotel. Depois de pensar bastante, ficamos com ele.

Depois, foi só fazer os acertos finais com a CVC e esperar o dia.