domingo, 8 de dezembro de 2013

Primeiro dia em Roma - Parte 1

Apesar de termos chegado no dia anterior, esse, realmente foi o primeiro dia que rodaríamos a cidade como bons turistas.

Primeiro, o café da manha, claro! E o hotel fornecia um serviço excelente. Tinha de tudo. Bolos, croissants, queijos, ovos mexidos, sucos, cafés, iogurtes de todos os tipos. Destaque para para o pao artesanal do próprio hotel. Excelente. É um típico pao italiano, com a casca bem dura e macio por dentro. Foi nesse dia, também, que conhecemos a maior figuraça do lugar. O Gennaro! Italiano típico, extremamente atencioso e conversador. Ao descobrir que éramos brasileiros, ele abriu um belo sorriso. Contou como adora o futebol daqui e se declarou torcedor do Grêmio. Detalhe, ele sabia mais sobe o futebol brasileiro do que eu, o que não é muito difícil. Os outros funcionários também eram bem atenciosos, mas ninguém superou o Gennaro! Ele fez com que nos sentíssemos em casa.

Recepção do hotel


Bem alimentados, seguimos adiante. O hotel nos fornecia translado gratuito até o muro do Vaticano. A partir dali seria com a gente. Também nos forneceram um mapa da cidade, que seria nossa salvação naqueles dias. Ele continha todos os pontos turísticos bem marcados, além de informações gerais sobre os transportes públicos.


 O motorista do dia, o Ernesto, também foi bem atencioso e, quando descobriu que Elane falava espanhol fluente, não parou de falar nem um segundo. Contou que era do Equador e foi contando detalhes do dia a dia de sua profissão. Falou muito sobre o transito de Roma. Uma curiosidade é que, como a maioria dos prédios são muito antigos na região central, praticamente não existem garagens. Por esse motivo, todo mundo estaciona na rua. Isso gera umas situações interessantes como uma ferrari estacionada ao lado de um fusca. Não importa se você tem um carrão ou um calhambeque. Vai ter que deixar o bicho do lado de fora.

Chegamos ao muro do Vaticano e traçamos nossa rota para o Castelo de Santo Ângelo. Ainda não o visitaríamos, mas lá havia uma loja que vendia o Roma Pass. Caminhar em Roma é uma coisa incrível.Cada esquina é um cartão postal. Você segue para um lugar histórico, mas a cada passo a gente se depara com outro.

No meio do caminho aconteceu algo inusitado. Apesar do tempo estar meio frio, haviam poucas nuvens. Eis que, sem nenhum aviso e num local totalmente desprotegido, pedras de gelo caíram do céu! Sim! Conhecemos uma chuva de granizo da pior maneira possível! A coisa foi tao repentina que nem os italianos estavam surpresos. Nós ficamos completamente sem ação. Não sabíamos se deveríamos correr, nem pra onde! Ficamos embaixo do guarda chuva, rezando pra não cair uma pedra gigante nas nossas cabeças. Mas, assim como veio, ela se foi para nunca mais voltar. Pelo menos não enquanto estávamos por lá!



Chegamos ao castelo e vimos a banca de turismo que vendia o Roma Pass. Ainda estava fechada. Aproveitamos pra fazer algumas fotos do lugar. Quando abriu entramos e solicitamos. A funcionária falava português fluentemente, o que facilitou bastante. Ela nos explicou novamente o funcionamento e tirou algumas pequenas dúvidas.

Rio Tibre, em frente ao Castelo de Santo Ângelo

Em seguida, atravessamos a ponte magnifica que atravessa o rio Tibre (mais tarde falo sobre ela) e seguimos nosso caminho. Acabamos passando por uma praça com algumas ruínas no centro. Descobrimos se tratar do Largo di Torre Argentina. Apesar do nome, nada tem a ver com o país sul-americano. É devido a um cara que construiu um palácio com uma torre, a qual ele batizou em homenagem a sua terra natal, Argentoratum (que hoje é Estrasburgo).  Em 1909, quando foram fazer uma reforma no lugar, acabaram descobrindo as ruínas de vários templos. Inicialmente chamaram apenas de Templo A, B,C e D e suas origens ainda estão em estudo. Mas o que chama a atenção são os gatos. Olha que interessante. As ruínas funcionam como um abrigo de gatos. Eles são devidamente vacinados e castrados.Por fim, são colocados para adoção. os que não conseguem um lar com humanos, ficam por lá. Existem voluntários que cuidam deles todos os dias.




Seguindo adiante, vimos ao longe o Monumento a Vittorio Emanuele II, mas ainda não era sua hora. Faltava pouco para chegamos no real destino. E ele apareceu, majestoso, quando menos esperamos. Ao longe, lá estava ele: o Coliseu!!!



Foi automático. A trilha sonora do filme Gladiador começou a tocar na minha cabeça e pensei: "Não sabia que homens poderiam construir algo assim..."

Ele foi construído em 72 d.C. para abrigar os jogos da época. Gente e animais se matando. Devia ser uma maravilha. Hoje, acredita-se que ele poderia ter sua arena inundada para simular combates marítimos.

Ainda do lado de fora, percebemos diversos gladiadores fajutos se oferecendo para tirar fotos por 5 euros. Besta de quem paga essa grana. Um deles até nos falou em bom português: "Não quer nem tirar uma para levar pra sogra?"



Por sinal, abrindo um parentese, uma coisa interessante que notamos. Tivemos a sensação que as pessoas sabiam que éramos brasileiros só pelo aspecto físico. Passamos toda a viagem nos questionando se brasileiro tem "cara de brasileiro" ou se nós prestávamos atenção quando alguém falava em português e aquilo nos denunciava. Eu ainda fico com a primeira opção. Assim como víamos indianos e sabíamos que eles eram como tais. Ou um oriental deixa clara a sua origem. Ou ainda quando vemos argentinos no Brasil e sabemos que eles são hermanos. Idem com colombianos. Acho que brasileiro tem cara de brasileiro mesmo. Nós não notamos assim como nós não percebemos que temos sotaque e pessoas de outros estados identificam rapidamente nossa origem.

Enfim, procuramos a entrada e usamos, pela primeira vez, nosso Roma Pass. Entrada diferenciada, "furando" a grande fila dos que comprariam ingressos normais. A sensação de estar ali é algo inacreditável. Imaginar que o Brasil tem pouco mais de 500 anos e apenas aquela estrutura tem mais de 2000 é de arrepiar. Tocar aquelas paredes é como fazer parte da história da humanidade, principalmente sabendo tudo o que aconteceu dentro daquele lugar.

Internamente ele é um grande museu. A cada corredor, uma escultura encontrada nas escavações (Por sinal tinha muita coisa encontrada recentemente, em 2008), ou pichações antigas. Isso foi interessante. Enquanto rolavam os jogos, uns vândalos ficavam desenhando nas paredes o que eles viram. Essas pichações acabaram sendo um relato preciso do que acontecia no lugar.


Outra curiosidade. Coliseu não era o nome original. Ele se chamava Anfiteatro Flaviano, por ter sido construído sob a dinastia dos flavianos. Posteriormente foi apelidado de Coliseu por causa de uma estátua colossal que havia na entrada, em homenagem a Nero. Essa estátua já não mais existe no lugar.

Também estavam expostas várias cabeças em mármore, a maioria de identidade desconhecida e sem nariz. Além de dados feitos de ossos. Segundo as placas informativas, entre os jogos, a galera ficava se divertindo de outras formas. Os jogos de azar eram uma opção, na falta do que fazer enquanto a matança não começava.




Na parte central, nas "arquibancadas", vemos a arena! Era lá que tudo acontecia. A coisa está bem degradada, mas ainda é possível identificar tudo. Na parte inferior, se localizam as catacumbas onde os gladiadores e as os animais esperavam para serem jogados para a morte. A arena , propriamente dita, já desabou, mas reconstruíram parte dela pra gente ter uma noção. Por sinal, o nome arena vem de "areia", pois era isso que recobria todo o tablado. Era mais fácil pra limpar o sangue.




O Coliseu está bem destruído. Isso se deu por vários motivos. Um deles foi a própria natureza. Terremotos ao longo dos anos abalaram bem a estrutura. Mas, provavelmente, a maior causa foi o depredamento humano. No declínio do Império Romano, os jogos estavam proibidos e o lugar ficou sem nenhum tipo de proteção. O próprio povo entrou e arrancou os materiais que precisava para construir as suas casas. As paredes estão totalmente esburacadas , pois existiam pedaços de metal unindo as estruturas e esse material se tornou bem raro em algumas ocasiões. A própria igreja católica se valeu de partes do Coliseu para construir suas igrejas. Dizem as más línguas que, se vacilar, cada prédio de Roma tem um pedacinho do Coliseu em suas paredes.




Continuamos rodando o lugar, nos perdendo na história, nos sentindo parte do passado... Mas sempre tem algo que nos traga de volta ao presente. Lá estava ela: A loja de lembranças! Claro que paramos pra ver o que tinha e acabamos levando umas besteiras. Ah, algo que parece ser uma regra por lá. Praticamente não existe nada exclusivo. O que se vende dentro das atracões turísticas, também são vendidas fora, em qualquer banquinha da cidade. E, normalmente o preço interno é maior que o externo. Mas é legal ter uma miniatura do Coliseu que foi comprada dentro das suas paredes. Não é pra isso que servem as lembranças?



Do Coliseu, também temos uma visão bem legal dos arredores. É possível ver, por exemplo, as ruínas do Templo de Vênus e Roma, conhecido como o maior templo pagão da cidade. Não chegamos a ir por lá e não faco ideia se é interessante uma visitação, mas a visão dele é bem bonita.



Por fim, chegamos no local onde o Imperador assistia aos jogos. O lugar está marcado com uma cruz e é bem na parte de baixo, próximo à arena. Por conta dessa proximidade, existem umas bancadas dos lados que era onde ficavam arqueiros de prontidão para matar algum gladiador imprudente que tentasse agredir o Imperador.



Perdemos a manha toda por lá e já havíamos invadido a tarde. Resolvemos nos despedir do Coliseu e seguir para o próximo destino, o Foro Romano e o Palatino. Mas a dica que eu dou é : Nada, NADA em Roma supera o Coliseu. Nós tínhamos tempo de sobra, mas se você está com agenda apertada, tire um tempinho a mais para ficar por lá em detrimento de outros lugares. Não faça essa parte correndo para ver as outras. O Coliseu merece cada segundo que você passar por la. Como o dia foi longo, vou deixar para continuar essa postagem em uma segunda parte!
               

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